A combinação do mundo físico com o digital amplia-se cada vez mais na nossa vida: das compras que fazemos online e retiramos nas lojas até a experimentação virtual de produtos como óculos e batons, por meio da tela do smartphone, antes de adquiri-los de fato. Entretanto, essa evolução tecnológica, que reúne o melhor dos dois mundos, vai muito além da praticidade das compras do mercado ou de uma divertida experiência com filtros digitais.
A versatilidade e o potencial deste novo modelo de negócios chega agora ao setor de medicamentos para facilitar a jornada dos pacientes e ampliar o acesso à saúde, onde quer que eles estejam. Trata-se de uma inovação mais que urgente. Mais da metade dos brasileiros acima de 18 anos apresentava, pelo menos, uma doença crônica, sendo as mais prevalentes a hipertensão arterial, problemas na coluna, depressão e diabetes, como revelou a última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo IBGE.
Este contexto se agrava com outros fatores. De acordo com informações do Ministério da Saúde, divulgadas pelo Conselho Federal de Farmácias (CFF), um em cada três pacientes abandonou algum tratamento, 54% omitiram doses, 33% usaram medicamentos em horários errados, 21% adicionaram doses não prescritas e 13% não iniciaram o tratamento recomendado.
Ainda, 10% das internações hospitalares, inúmeras consultas médicas, exames diagnósticos e tratamentos poderiam ser evitados se as pessoas tomassem os medicamentos conforme a orientação médica. Como a jornada phygital pode reverter este cenário?
Primeiramente, por meio de plataformas que aproximam todo o ecossistema de saúde, ou seja, indústrias farmacêuticas, drogarias e empresas, simplificando o acesso pelo canal que for mais conveniente: na farmácia do bairro ou no aplicativo do celular.
Neste ambiente inovador, a ideia é que tudo que os pacientes necessitam fique integrado: as receitas digitais, as diferentes formas de pagamento e até mesmo concierges de saúde, para orientá-los sobre as prescrições.
Essa transformação digital é guiada pelo propósito de contribuir com a continuidade dos tratamentos da população, evitando o agravamento de doenças e a sobrecarga do sistema de saúde. Neste caso, a tecnologia é colocada a serviço da jornada do paciente. Baseia-se na facilidade de acesso e de uso, na praticidade, na transparência dos preços e descontos, na agilidade e na personalização, considerando as necessidades e demandas de cada pessoa.
A pandemia certamente acelerou a consolidação da tendência phygital nos mais variados setores da economia global. Na saúde, a convergência destas duas dimensões promoveu um salto na inovação, abrindo novas perspectivas tanto para os pacientes quanto para aos negócios. Não é à toa que o número global de healthtechs unicórnios praticamente triplicou desde 2019: de 38 para 94, conforme levantamento consultoria internacional Holon IQ.
A transformação inédita que vivemos no mercado de saúde mostrou-se mais morosa e complexa que em outros mercados, mas não deve parar. Em um futuro não muito distante, podemos esperar a inclusão de tecnologias como realidade aumentada e inteligência artificial, bem como a integração com a Internet das Coisas (IoT), nas práticas cotidianas de nossos cuidados com a saúde.
Tudo interconectado em prol do bem-estar coletivo.