Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura, o que pode prejudicar significativamente a saúde. Essa condição afeta pessoas de todas as idades e grupos sociais, sendo atualmente uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo, considerada uma “epidemia global”. De acordo com o Vigitel, a porcentagem de pessoas obesas acima de 18 anos aumentou de 15,1% em 2010 para 22,4% em 2021. Além disso, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) revelou em 2019 que 338 milhões de crianças em idade escolar e adolescentes estão com sobrepeso. Esse aumento foi acompanhado por um crescimento na mortalidade prematura entre adultos, especialmente na faixa etária de 50 a 69 anos e entre o sexo feminino.
Fonte: Vigitel Brasil 2006-2021: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica do estado nutricional e consumo alimentar nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal entre 2006 e 2021.
O acúmulo de gordura geralmente resulta de um consumo calórico superior ao gasto nas atividades diárias, gerando um desequilíbrio energético que leva ao armazenamento de energia, principalmente na forma de gordura. Indivíduos com sobrepeso apresentam um risco elevado de desenvolver doenças como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, litíase biliar, dificuldades respiratórias, problemas ortopédicos, doenças cardíacas, Alzheimer e até alguns tipos de câncer.
Uma das maneiras de avaliar a obesidade na população é por meio do Índice de Massa Corporal (IMC), que relaciona altura e peso. No entanto, é recomendável complementar essa avaliação com outros métodos, como o cálculo da porcentagem de gordura e a circunferência abdominal, uma vez que o IMC não distingue entre gordura e massa muscular. A classificação do IMC é a seguinte:
– Menor que 18,5 – Abaixo do peso
– Entre 18,5 e 24,9 – Peso normal
– Entre 25 e 29,9 – Sobrepeso
– Entre 30 e 34,9 – Obesidade grau I
– Entre 35 e 39,9 – Obesidade grau II
– Igual ou acima de 40 – Obesidade grau III
Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento da obesidade, incluindo hábitos alimentares inadequados, estilo de vida sedentário, baixa qualidade do sono, questões emocionais como ansiedade e estresse, desequilíbrios hormonais, fatores genéticos e questões socioeconômicas e culturais. Por isso, a obesidade é considerada uma doença de etiologia multifatorial. Quando resulta de um estilo de vida não saudável, é classificada como primária; quando decorre de uma condição médica, é chamada de secundária.
A localização do acúmulo de gordura também influencia o tipo de obesidade. O acúmulo abdominal e torácico, mais comum em homens, é denominado obesidade androide e está associado a um maior risco de distúrbios metabólicos. Já a obesidade ginecoide, que prevalece nas mulheres, se caracteriza pelo acúmulo de gordura na região dos quadris, coxas e pernas.
OBESIDADE INFANTIL
A obesidade infantil é uma preocupação crescente. Crianças com pais obesos têm maior risco de desenvolver a condição, uma vez que, nessa fase da vida, elas ainda não têm controle sobre sua alimentação e rotina. Além disso, é durante a infância que se formam os hábitos alimentares. A obesidade nessa faixa etária pode prejudicar o desenvolvimento, aumentar o risco de doenças e impactar negativamente o crescimento, além de causar problemas emocionais, como depressão, ansiedade, bullying, transtornos alimentares, isolamento social e baixa autoestima.
TRATAMENTO
A obesidade é uma condição que deve ser tratada de forma individual, considerando seus múltiplos fatores. A reeducação alimentar e a prática regular de atividades físicas são fundamentais, com uma recomendação de pelo menos 150 minutos por semana. Em alguns casos, pode ser necessário o uso de medicamentos, acompanhamento psicológico ou até cirurgias, mas é importante lembrar que a mudança de estilo de vida é crucial para a manutenção do peso.
Atenção para não depositar todas as esperanças no uso dos medicamentos, pois grande parte da vem da mudança de hábito, além de que com o tempo os medicamentos podem perder seu efeito e também apresentar efeitos colaterais, por isso seu uso deve ser sempre prescrito e acompanhado de um profissional de confiança, não acredite em receitas milagrosas
ALIMENTAÇÃO NA PREVENÇÃO DA OBESIDADE
A má alimentação é um dos principais fatores de risco para doenças, por isso é importante incentivar uma alimentação saudável para a prevenção da obesidade.
“A alimentação saudável tem um peso maior do que o tabaco, o álcool e a atividade física na determinação da doença nos brasileiros. Então, no momento em que nós adotamos um padrão de alimentação saudável, estamos reduzindo o risco de ficar doente”, explica Gisele Bortolini, coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde.
O guia alimentar para a população brasileira é uma forma pratica e fácil de abordar o tema e trazer mudanças para a alimentação. De acordo com o guia a alimentação deve ser baseada em sua maioria em uma alimentação in natura e com alimentos minimamente processados.
Alimentos in natura ou minimamente processados são aqueles que vem direto das plantas ou dos animais, sem sofrer grandes alterações na sua forma e composição. Exemplo: frutas, legumes, verduras, carnes, ovos, leite em pó e pasteurizado, iogurtes sem adição de açúcar, farinhas, grãos, etc
Há também os alimentos extraídos de alimentos in natura ou diretamente da natureza, normalmente usados para temperar, criar ou complementar preparações culinárias. Exemplo: óleo, açúcar, sal.
Processados são os alimentos que derivam dos in natura e são acrescidos de poucos ingredientes como açúcar e sal. Exemplo: Legumes em conserva, frutas em calda, geléias, queijos e pães.
Já a categoria dos ultraprocessados são os produtos alimentares que passam por várias etapas de produção com a adição de diversos ingredientes sendo muitos deles de uso exclusivo da indústria. Exemplo: macarrão instantâneo, bolachas recheadas, salgadinhos, refrigerantes, etc. Em geral são alimentos desbalanceados nutricionalmente com grande quantidade de açúcar, sódio, gordura e/ou aditivos, são normalmente hiper palatáveis e favorecem o consumo excessivo de calorias.
Com base nisso, algumas medidas que podemos adotar para prevenir o ganho excessivo de peso são:
Realize de cinco a seis refeições diárias e não pule refeições.
Tenha horários fixos para comer e evite aquela “beliscada” entre as refeições.
Prefira sempre alimentos in natura, minimamente processados, aumentando o consumo de legumes e verduras no almoço e jantar, pelo menos 3 porções de frutas e leite ou derivados ao longo do dia e o consumo de alimentos integrais.
Evite alimentos ricos em gorduras, açúcares e sódio, bem como alimentos industrializados ou ultraporcessados.
Não faça dietas restritivas, pois podem levar a quadros de compulsão alimentar além de não provocar a mudança do seu hábito alimentar.
Beba muita água.
Lembre-se que a rotina alimentar além de influenciar na sua saúde, ela promove bons hábitos e exemplos principalmente para as crianças, incentivando-os a terem uma alimentação mais equilibrada e saudável.
Escrito por: Nathália Moraes Venâncio Costa / CRN 45.312, Nutricionista formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduação em Conduta Prática em Nutrição Esportiva, Fitoterapia e Nutrição Funcional pelo GANEP e Nutrição Esportiva pelo CEFIT.
BIBLIOGRAFIA
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