Outubro Rosa: Como a nutrição pode ser sua aliada na prevenção do Câncer de Mama
A alimentação é um dos principais fatores de risco modificáveis para diversos tipos de câncer. Ela pode tanto fornecer substâncias protetoras, que reduzem o risco da doença, quanto desencadeadoras, que aumentam sua incidência.
Nos últimos anos, novas evidências têm reforçado a relação entre nutrição e câncer de mama, especialmente sobre o papel de alimentos naturais e compostos bioativos na prevenção.
A seguir, veja as principais descobertas científicas recentes sobre nutrição e câncer.
Frutas, Legumes e Verduras
Diversos estudos apontam que o consumo regular de frutas, legumes e verduras está associado à redução do risco de câncer de mama.
Segundo o World Cancer Research Fund (WCRF), no relatório de 2018, esses alimentos são ricos em fibras e antioxidantes, como polifenóis, glicosinolatos e indóis, que ajudam a:
- Inibir o estresse oxidativo;
- Reduzir a inflamação;
- Ativar enzimas desintoxicantes.
Além disso, o consumo total de fibras foi relacionado a uma redução de 8% no risco de câncer de mama. Por isso, incluir frutas e vegetais variados nas refeições é uma das estratégias mais eficazes de alimentação preventiva.
Soja e Câncer de Mama
Os alimentos à base de soja (como grãos cozidos, tofu, edamame e bebidas naturais sem açúcar) contêm isoflavonas e proteínas com potencial anticancerígeno.
A genisteína, uma isoflavona presente na soja, parece inibir o crescimento de células tumorais e a angiogênese (formação de vasos que nutrem tumores).
Em populações asiáticas, onde o consumo de soja é mais natural e frequente, observa-se uma menor incidência de câncer de mama.
️Importante: produtos ultraprocessados à base de soja (como iogurtes e bebidas saborizadas) não oferecem os mesmos benefícios, pois costumam conter açúcares e adoçantes artificiais.
Chá Verde e Prevenção do Câncer
O chá verde é fonte de polifenóis, em especial a epigalocatequina galato (EGCG), reconhecida por sua ação antioxidante e antitumoral.
Estudos em animais indicam que o consumo de chá verde pode:
- Reduzir o número de tumores invasivos;
- Retardar o surgimento de tumores;
- Diminuir a inflamação celular.
Embora os resultados em humanos ainda sejam limitados, o chá verde pode ser parte de uma alimentação saudável, desde que:
- Consumido sem açúcar e sem adoçantes artificiais;
- Evitado à noite, devido à presença de cafeína, que pode prejudicar o sono.
Adoçantes Artificiais e Câncer
O estudo NutriNet-Santé, com mais de 174 mil voluntários, analisou o impacto dos adoçantes artificiais na saúde e apontou uma associação entre o consumo de aspartame e acessulfame-K e o aumento do risco de câncer de mama e cânceres relacionados à obesidade.
Esses adoçantes são comumente encontrados em:
- Refrigerantes e sucos “zero”;
- Chás prontos e gelatinas “diet”;
- Iogurtes saborizados diet/zero e gomas de mascar sem açúcar.
Classificação pela OMS
Em 2023, a Agência Internacional de Pesquisas em Câncer (IARC) classificou o aspartame como possivelmente carcinogênico para humanos (Grupo 2B). Isso significa que há evidências limitadas de risco, mas ainda não conclusivas.
A ingestão diária aceitável definida pela FAO/OMS é de 40 mg/kg de peso corporal — quantidade muito superior ao consumo médio da população.
Outro adoçante já estudado, a sacarina, chegou a ser associada a câncer de bexiga em ratos, mas não há comprovação em humanos, sendo considerada segura por órgãos internacionais.
Conclusão: Prefira o Natural e Reduza o Doce
Embora ainda sejam necessárias mais pesquisas, a melhor estratégia de prevenção é reeducar o paladar e reduzir o consumo tanto de açúcar quanto de adoçantes artificiais.
Optar por alimentos in natura ou minimamente processados, como frutas, verduras, cereais integrais, leguminosas e proteínas magras, é um passo essencial para uma alimentação saudável e preventiva contra o câncer.
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Fontes:
Debras C, et al. Artificial sweeteners and cancer risk: results from the NutriNet-Sante population-based cohort study. PLoS Med 2022;19:e1003950.
- Shin, J. Fu, W.-K. Shin et al. Association of food groups and dietary pattern with breast cancer risk. Clinical Nutrition 42 (2023) 282-297.
Farvid MS, Spence ND, Holmes MD, Barnett JB. Fiber consumption and breast cancer incidence: a systematic review and meta-analysis of prospective studies. Cancer. 2020;126:3061–75. 10.1002/cncr.32816
WHO Global Information System on Alcohol and Health: http://apps.who.int/ ghodata/?theme=GISAH
IARC Publications: https://publications.iarc.who.int/627
Material elaborado por Lia Buschinelli. Nutricionista graduada pela Universidade de São Paulo. Aperfeiçoamento em Transtornos Alimentares pelo Ambulim – HC/FMUSP. Especialização em Oncologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein. Título de especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN). Formação em Coaching de Saúde e Bem-estar pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Diretora geral da consultoria nutricional ML Pensando Saúde.