A saúde mental no trabalho passou a ocupar um espaço central nas discussões sobre bem-estar e produtividade. Com as recentes mudanças na Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), a gestão de riscos psicossociais tornou-se uma exigência formal para todas as empresas.
A partir de maio de 2025, empregadores terão que identificar e mitigar fatores que impactam a saúde emocional dos trabalhadores, como assédio e estresse. A mudança insere a avaliação de riscos psicossociais na estrutura de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
Neste artigo explicamos as principais mudanças da NR-1. Vamos abordar quais são os impactos para as empresas e como se adequar às novas exigências.
Qual é o impacto da saúde mental na produtividade e no bem-estar dos trabalhadores?
A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 ocorre em um contexto de crescente alta nos problemas relacionados à saúde mental. Dados recentes evidenciam que os transtornos psicológicos estão mais recorrentes no ambiente de trabalho.
De acordo com informações do Ministério da Previdência Social, a ansiedade é a terceira principal causa de afastamento no país. Entre outubro de 2023 e setembro de 2024, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) concedeu 128.905 benefícios por incapacidade devido a transtornos ansiosos, como ansiedade generalizada e transtorno do pânico.
Além dos afastamentos, os impactos da saúde mental no trabalho também se refletem no nível de satisfação e bem-estar dos profissionais. Segundo um estudo da consultoria Gallup, o Brasil ocupa a quarta posição entre os países da América Latina com mais profissionais que relatam tristeza ou raiva. O estudo aponta que 46% dos trabalhadores brasileiros vivem com estresse diário.
Uma pesquisa realizada pelo Infojobs, em setembro de 2024, revelou que nove em cada 10 profissionais brasileiros já cogitaram trocar de emprego por questões ligadas à saúde mental, satisfação ou felicidade no trabalho. O levantamento ainda revelou que 83% dos entrevistados precisaram ou conheceram alguém que precisou de afastamento do trabalho por questões de saúde mental. Além disso, 71% dos profissionais relataram falta de suporte e de ações sobre o tema.
Diante desse cenário, a atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) traz, de forma expressa, a necessidade de identificação, avaliação e gestão de riscos psicossociais. A norma reconhece que fatores associados às condições de trabalho podem afetar a qualidade de vida dos trabalhadores e, consequentemente, a produtividade das empresas. Os programas de saúde mental ganham cada vez mais importância no ambiente corporativo.
O que são riscos psicossociais e como afetam a saúde mental?
Os riscos psicossociais são fatores presentes no ambiente de trabalho que podem comprometer a saúde mental dos profissionais. Eles estão ligados à organização do trabalho, às relações interpessoais e às condições do dia a dia corporativo.
O Ministério do Trabalho e Emprego, explica que, entre os principais riscos psicossociais, estão situações como:
- carga mental excessiva;
- pressão por metas inatingíveis;
- jornadas prolongadas;
- assédio moral;
- falta de suporte da liderança ou da equipe;
- pouca autonomia;
- conflitos interpessoais.
Situações como essas são exemplificativas, mas os fatores de riscos podem ser diferentes desses, dependendo do contexto da organização. O importante a avaliar é se condições relacionadas ao trabalho estão predispondo as pessoas ao adoecimento mental.
A exposição constante a esses fatores pode levar ao desenvolvimento de transtornos mentais. Estresse crônico, ansiedade e depressão são algumas das consequências mais comuns. Em casos mais graves, pode surgir a síndrome de burnout, um esgotamento extremo causado pelo trabalho.
Além dos danos individuais, esses riscos geram impactos diretos para as empresas, como:
- aumento do absenteísmo – afastamentos frequentes por problemas de saúde;
- alta rotatividade (turnover) – dificuldade em reter talentos;
- queda na produtividade – baixa concentração e desempenho abaixo do esperado;
- aumento de erros – falhas causadas pelo esgotamento emocional;
- ineficiência – aumento do retrabalho e falta de agilidade ou comprometimento com as entregas levam à perda de eficiência;
- clima organizacional prejudicado – problemas de saúde mental afetam o ambiente de trabalho, gerando uma percepção negativa no clima organizacional.
A gestão de riscos psicossociais é essencial para evitar esses problemas. Cabe às empresas identificar essas situações e agir para oferecer melhores condições de trabalho, considerando a saúde mental dos colaboradores. Medidas como reorganização de processos, fortalecimento da cultura de apoio e capacitação das lideranças ajudam a criar um ambiente mais saudável e produtivo.
Quais são as mudanças na NR-1 sobre riscos psicossociais?
A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) foi atualizada para incluir, de forma expressa, a saúde mental na gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). A partir de maio de 2025, todas as empresas deverão mapear e mitigar riscos psicossociais como parte das ações preventivas voltadas ao bem-estar dos trabalhadores.
A nova exigência reconhece que fatores como pressão excessiva, carga de trabalho elevada, assédio e falta de suporte organizacional podem impactar a saúde mental dos profissionais. Dessa forma, esses elementos passam a ser considerados riscos ocupacionais e devem ser avaliados, controlados e reduzidos, assim como os riscos físicos, químicos e ergonômicos.
Obrigações
As empresas precisarão identificar os riscos psicossociais e adotar medidas para minimizar seus impactos. Para isso, será necessário:
- avaliar o ambiente de trabalho – analisar condições que possam comprometer a saúde mental dos profissionais;
- implementar ações preventivas e corretivas – por exemplo, reorganizar processos, melhorar a comunicação e fortalecer o suporte da liderança;
- monitorar os resultados – acompanhar a eficácia das medidas adotadas e fazer ajustes sempre que necessário.
A norma também determina que as ações devem ser contínuas. Ou seja, a gestão dos riscos psicossociais não pode ser um processo isolado, mas, sim, uma prática integrada à cultura organizacional.
Aplicação
A atualização da NR-1 vale para todas as empresas, independentemente do número de funcionários ou do setor de atuação. Negócios menores também precisarão se adequar, considerando sua realidade e capacidade de implementação.
, embora a fiscalização priorize setores com alta incidência de afastamentos por transtornos mentais, como teleatendimento, saúde e serviços financeiros, todas as empresas devem se adaptar para garantir um ambiente de trabalho seguro.
Fiscalização
A fiscalização das novas exigências da NR-1 será realizada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por meio de inspeções planejadas e denúncias. A avaliação das condições de trabalho incluirá a análise da organização do ambiente corporativo, identificação de fatores de risco psicossocial e impactos na saúde dos trabalhadores.
Setores mais impactados
A norma se aplica a todas as empresas, independentemente do porte ou segmento. No entanto, a fiscalização será mais rigorosa em setores com maior incidência de afastamentos por transtornos mentais. Confira os principais segmentos impactados e entenda como essas atividades podem apresentar mais riscos psicossociais.
- Teleatendimento – exposição a altos níveis de estresse e cobrança constante.
- Bancos e setor financeiro – pressão intensa por metas e desempenho.
- Saúde – jornadas longas, sobrecarga emocional e contato direto com situações de risco.
- Educação – exigência psicológica elevada e desafios emocionais diários.
Nesses setores, os auditores fiscais analisarão dados de afastamentos por doenças como ansiedade e depressão. Os auditores fiscais do MTE utilizarão diferentes métodos para verificar o cumprimento da norma. Entre as principais abordagens, estão:
- entrevistas com funcionários – identificação de queixas sobre estresse, assédio e outros fatores psicossociais;
- análise de afastamentos – verificação de dados sobre licenças médicas por transtornos psicológicos;
- documentação interna – avaliação de registros da empresa sobre medidas de gestão de riscos psicossociais;
- observação do ambiente de trabalho – identificação de sinais de sobrecarga, conflitos interpessoais e ausência de suporte.
Caso seja constatada a ausência de ações preventivas, as empresas poderão ser notificadas para se adequarem ou, em casos mais graves, multadas e penalizadas.
Possíveis penalizações
As empresas que não implementarem a gestão de riscos psicossociais estarão sujeitas a sanções administrativas e trabalhistas. Conheça as principais penalidades por descumprimento das normas regulamentadoras.
- Advertências e notificações – determinação de prazo para correção das irregularidades.
- Multas – penalidades financeiras proporcionais à gravidade da infração.
- Embargos ou interdições – suspensão de atividades em casos extremos.
- Ações judiciais – possíveis processos por parte dos trabalhadores afetados.
Como as empresas podem se preparar?
A adequação à nova exigência da NR-1 é uma oportunidade para promover um ambiente mais produtivo e equilibrado. Além do cumprimento legal, implementar benefícios voltados à saúde e bem-estar fortalece as ações de prevenção aos riscos psicossociais.
Primeiros passos para adequação às novas regras
O setor de Recursos Humanos (RH) desempenha um papel essencial na implementação das mudanças. Confira cinco etapas que podem ser adotadas para garantir a conformidade com a NR-1 e melhorar o bem-estar dos funcionários.
1 – Benefícios voltados à saúde e bem-estar
Para além dos convênios médicos e odontológicos, existem programas estratégicos, como o Oxy: a maior e melhor plataforma de prevenção e bem-estar que combina diferentes serviços para oferecer maior suporte aos colaboradores, inclusive com ações de saúde mental e qualidade de vida.
2 – Políticas internas
Diante das novas exigências trazidas pela NR-1, vale a pena revisar as políticas internas da empresa. O ajuste de práticas organizacionais pode evidenciar oportunidades para reduzir sobrecarga de trabalho, melhorar a gestão do tempo e incentivar pausas produtivas.
3 – Prevenção de riscos psicossociais
Criar um plano de ação para prevenir a ocorrência de riscos psicossociais é uma ação proativa importante, que pode evitar a ocorrência de problemas de saúde mental na empresa. A ideia é estruturar iniciativas para promover um ambiente equilibrado, com políticas de trabalho flexível, incentivo ao descanso e suporte a situações de estresse.
4 – Capacitação de líderes e equipes
Treinamentos sobre saúde mental no trabalho, gestão emocional e estratégias são medidas eficientes para evitar conflitos interpessoais. Além disso, a capacitação das lideranças melhora o relacionamento no ambiente de trabalho, fortalecendo o engajamento e a produtividade.
5 – Monitoramento do bem-estar
Com as mudanças da NR-1, as organizações precisarão instituir mecanismos para acompanhar dados e indicadores relacionados à gestão dos riscos psicossociais. Nesse sentido, vale a pena analisar tanto métricas relacionadas aos afastamentos (principalmente por transtornos psicológicos), rotatividade e engajamento, quanto mensurações a respeito dos fatores que a empresa está buscando corrigir, observando as situações o adoecimento, como carga de trabalho, casos de assédio, ocorrência de conflitos interpessoais, baixa flexibilidade, entre outros pontos.
Além disso, existem outras fontes de dados que podem ser acompanhadas para avaliar o bem-estar dos colaboradores. Dados gerais relacionados à assistência médica ou ao plano de medicamento ao colaborador são alguns exemplos. O RH da empresa tem a possibilidade de verificar se está havendo maior utilização desses planos e, diante de um possível aumento, combinar essas análises com outros indicadores internos e, assim, adotar medidas preventivas ou corretivas.
Quais são os próximos passos?
As novas exigências da NR-1 entram em vigor a partir do dia 26 de maio de 2025. Até lá, as empresas devem estruturar um plano para adequação, garantindo que a gestão de riscos psicossociais seja integrada às suas políticas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST). Abaixo, destacamos as principais etapas para colocar tudo isso em prática.
- Diagnóstico e planejamento estratégico – identificar os principais desafios da empresa em relação à saúde mental e estabelecer um plano de ação.
- Capacitação de equipes e lideranças – treinar gestores para reconhecer sinais de esgotamento, promover escuta ativa e fortalecer a comunicação interna.
- Adaptação de processos e políticas – ajustar demandas de trabalho, flexibilizar rotinas quando necessário e criar medidas para mitigar riscos psicossociais.
- Monitoramento contínuo – estabelecer indicadores para avaliar o impacto das ações e aprimorá-las de forma contínua.
A adequação não precisa ser um processo burocrático ou oneroso. Muitas mudanças podem ser implementadas de forma simples, como revisão de jornadas, incentivo a pausas, oferta de benefícios relacionados à qualidade de vida, criação de canais de apoio aos funcionários, entre outras práticas.
Mais do que um conjunto de regras, as mudanças na NR-1 reforçam a importância da atenção ao bem-estar no ambiente de trabalho. O importante é fazer com que as novas diretrizes se tornem parte da cultura organizacional, e não apenas um requisito formal.
O plano de benefícios em medicamentos da epharma pode fortalecer as boas práticas de saúde mental da sua empresa e contribuir para a melhor gestão dos riscos psicossociais. Conheça o Oxy, uma solução completa para o bem-estar dos colaboradores.