Inovar é importante, mas não é fácil. Com isso, a introdução da tecnologia na saúde suplementar enfrenta uma série de desafios. Desse modo, novos recursos que beneficiaram pacientes e gestores demoram mais tempo para serem adotados.
Por outro lado, boa parte dos gargalos percebidos na rotina de diversas instituições poderiam ser resolvidos ou minimizados por meio de soluções oferecidas por startups, healthltechs e outras empresas especializadas. Essa é uma das conclusões de um mapeamento feito em conjunto pelas Associação Nacional de Hospitais Privados (ANHAP) e a Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), realizado entre junho e julho de 2022.
Os gargalos tecnológicos da saúde suplementar
Para o levantamento feito pela ANHAP e a ABSS, foram feitas entrevistas em hospitais de quatro regiões do país. Apenas o Norte ficou de fora. De acordo com os dados obtidos pelo levantamento, 79% dessas instituições possuíam algum cargo responsável por projetos de inovação. Ainda assim, esses postos estavam incluídos em áreas muito diversas, indo da área de informática até a diretoria executiva da instituição.
A partir disso, foi constatado que nos 2 anos anteriores ao levantamento, 85% das instituições haviam instruído algum sistema/tecnologia/consultoria com o intuito de resolver algum problema percebido na rotina. Entre quem realizou algum investimento do tipo, 70% afirmaram que a mudança trouxe resultados positivos, enquanto 19% alegaram não ter havido benefícios notáveis.
O ponto que chama a atenção dentro do levantamento é que 68% dos entrevistados acreditavam que encontrariam soluções adequadas no trabalho de startup, healthtechs e empresas especializadas. Apenas 29% afirmaram achar melhor contornar gargalos a partir de esforços internos.
Por falar em gargalos, entre os principais desafios relatados por quem respondeu à pesquisa estavam:
- Retenção de profissionais (17%);
- Incorporação de inovação e tecnologia (16%);
- Experiência do paciente (14%);
- Gestão de processos (12%);
- Integração de processos (10%).
Quando os processos são especificados e considerados a partir das questões tecnológicas, as queixas se concentram em:
- Falta de interoperabilidade sistêmica (24%);
- Falta de padrão na jornada do paciente (24%);
- Dificuldade de engajar o corpo clínico em novas tecnologias (24%);
- Falta de padrão nos protocolos (9%);
- Inconsistências no faturamento (9%).
Por fim, os entrevistados alegaram ter perdido faturamento devido aos gargalos percebidos. Para se ter uma ideia, a maior fatia (37,6%) alegou ter deixado de faturar montantes entre 1 milhão e R$ 3 milhões.
A importância da inovação na resolução desses problemas
De um lado, parte da dificuldade em encontrar soluções parece se dar pela dificuldade em alinhá-las às especificidades dos hospitais. De outro, está a barreira cultural, que pode atrapalhar a introdução de novidades ou mesmo interferir no intercâmbio entre instituições tradicionais e healthtechs/startups.
Todavia, ignorar o potencial inovador das startups e healthtechs ou se fechar a tais mudanças pode impedir que muitos desafios encontrem soluções apropriadas, com custo menor e efetividade maior. Estão no cerne desse tipo de empreendimento concentrar esforços para implementar inovações que promovam mudanças organizacionais, modificações na forma como pacientes e profissionais de saúde se relacionam ou mesmo alterações em modelos de negócios.
Não custa reforçar: o termo healthtech designa empresas de tecnologia (em geral, startups) que têm como intuito resolver problemas e desenvolver soluções inovadoras para o segmento de saúde. Assim, o termo une os termos da língua inglesa health (saúde) e tech (tecnologia).
Em tal contexto, a inovação pode ajudar na reformulação de processos e na redução do tempo perdido com questões burocráticas, por exemplo. Logo, as novas dinâmicas de organização ampliam o acesso ao cuidado, assim como melhoram a eficiência de todo o serviço prestado. Para as empresas do segmento, isso pode significar melhores resultados, não só financeiros, como de imagem e reputação junto aos pacientes.
Mesmo com os avanços feitos durante a pandemia de Covid-19, muito ainda há o que ser melhorado. Nesse meio tempo, foram expostas diversas lacunas que podem ser preenchidas justamente pelo trabalho das empresas com foco total no melhor que a tecnologia em saúde pode dispor.
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O papel da tecnologia na saúde suplementar
Para obter o sucesso esperado, é importante garantir que todos exercitem um olhar crítico sobre como é possível melhorar de forma constante cada processo. Não por menos, engajar o corpo clínico no uso das novas tecnologias foi um dos desafios mais comuns relatados pelo levantamento mencionado neste artigo.
Tais barreiras são um impeditivo considerável, mas que precisam ser transpostas para que as melhores soluções baseadas em novas tecnologias alcancem a saúde suplementar. Entre alguns dos recursos capazes de ampliar a eficácia e melhorar a qualidade do atendimento prestado estão sistemas de gestão aperfeiçoados, programas de saúde e bem-estar físico e mental, ferramentas de telemedicina, e dispositivos médicos conectados.
Seja como for, a implementação de novas tecnologias na saúde suplementar deve sempre levar em conta o custo-benefício desses recursos, bem como eventuais regulamentações do setor. Além disso, é preciso considerar o impacto das inovações e de que forma elas impactam pacientes e profissionais de saúde.
Diante do tamanho do mercado (de acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar, o Brasil tinha mais de 50 milhões de beneficiários de planos de saúde ao fim de 2022), inovar é praticamente uma imposição para ampliar a qualidade do atendimento oferecido e continuar com bons resultados. Logo, tanto quanto possível, espera-se que adoção o uso da tecnologia na saúde suplementar contribua para dissolver os gargalos enfrentados.
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