O diabetes é uma doença silenciosa, que progride sem apresentar sintomas nos estágios iniciais. Por isso, a conscientização é tão importante e conta com ações recorrentes de orientação, como o Dia Nacional do Diabetes, celebrado em 26 de junho. A data cumpre três objetivos: estimular a prevenção, incentivar a detecção precoce e reforçar a necessidade de controle contínuo.
Qualidade de vida é possível quando se convive com diabetes, desde que haja disciplina e bons hábitos. Alimentação equilibrada, acompanhamento médico regular, prática de atividade física e adesão ao tratamento indicado são medidas essenciais de autocuidado. Neste artigo, apresentamos os tipos mais comuns da doença, quais são os sinais de alerta e as recomendações de rastreio.
Qual é a origem e a importância do Dia Nacional do Diabetes?
O Dia Nacional do Diabetes foi criado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e é celebrado em 26 de junho. A iniciativa tem o objetivo de conscientizar a população sobre a doença, estimulando o diagnóstico precoce, práticas de prevenção e aderência ao tratamento.
O Brasil ocupa o sexto lugar no ranking global da doença: são 16,6 milhões de adultos entre 20 e 79 anos. Como o diabetes é silencioso e pode ser desencadeado por uma série de fatores, como sedentarismo, alimentação inadequada e falta de acompanhamento médico, a informação é a melhor forma para prevenir o surgimento de novos casos, além de fortalecer o controle de quem já está em tratamento.
Para marcar a data, campanhas de rastreamento glicêmico, palestras e mutirões de orientação nutricional são promovidos em todo o país. As ações reforçam o apelo para que a população faça exames regulares, adote hábitos de vida saudáveis e siga o tratamento prescrito.
O que é diabetes?
Diabetes é uma doença crônica caracterizada pelo aumento persistente dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia). Isso acontece porque o organismo não produz insulina suficiente ou não consegue usar adequadamente a insulina produzida.
A insulina é um hormônio essencial, fabricado pelo pâncreas, cuja principal função é permitir que a glicose entre nas células e seja transformada em energia. Quando esse processo falha, a glicose se acumula na corrente sanguínea, levando, com o tempo, a danos em órgãos vitais, nervos e vasos sanguíneos.
Existem diferentes tipos de diabetes. Conheça os principais, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).
Diabetes tipo 1
É uma doença autoimune, em que o sistema imunológico ataca e destrói as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. Geralmente surge na infância ou adolescência, embora possa aparecer em adultos. Representa cerca de 5 a 10% dos casos e requer tratamento diário com insulina, além do monitoramento rigoroso dos níveis de glicose.
Diabetes tipo 2
Corresponde a aproximadamente 90% dos casos diagnosticados. Nesse tipo, o corpo produz insulina, mas não consegue utilizá-la adequadamente devido a um quadro de resistência das células ao hormônio. Está fortemente relacionado a fatores como excesso de peso, sedentarismo, má alimentação e predisposição genética. O controle envolve mudanças no estilo de vida, medicamentos orais e, em alguns casos, insulina.
Diabetes gestacional
Trata-se do aumento da glicose no sangue que ocorre pela primeira vez durante a gravidez. Surge devido às mudanças hormonais que tornam o organismo mais resistente à insulina. Normalmente desaparece após o parto, mas tanto mãe quanto bebê têm maior risco de desenvolver diabetes tipo 2 no futuro. Requer acompanhamento médico cuidadoso e ajustes na alimentação e atividade física, além de tratamento com insulina quando necessário.
Quais são os sinais de alerta para o diabetes?
Nos estágios iniciais, o diabetes pode não apresentar sintomas evidentes. Por isso, é comum que o diagnóstico ocorra apenas quando a glicemia já está elevada há algum tempo. Ainda assim, há sinais que merecem atenção:
- sede excessiva e boca seca;
- aumento na frequência urinária;
- fadiga constante;
- visão embaçada;
- perda de peso inexplicada;
- cicatrização lenta de feridas;
- infecções recorrentes (de pele, urina ou gengiva).
Quais são os fatores de risco para diabetes?
Algumas condições aumentam a probabilidade de desenvolver diabetes, especialmente o tipo 2. Entre os principais fatores de risco estão:
- histórico familiar de diabetes (pais ou irmãos);
- sobrepeso ou obesidade;
- sedentarismo;
- pressão arterial elevada;
- colesterol ou triglicerídeos altos;
- idade acima de 45 anos;
- síndrome dos ovários policísticos (no caso das mulheres);
- diabetes gestacional em gravidez anterior.
A presença de um ou mais desses fatores indica a necessidade de monitoramento regular da glicemia e reforça a importância de hábitos saudáveis desde cedo.
Como é feito o diagnóstico do diabetes?
O diagnóstico do diabetes é confirmado por exames laboratoriais simples, solicitados por um profissional de saúde. Veja quais são os principais testes utilizados.
- Glicemia em jejum: avalia os níveis de glicose após pelo menos 8 horas de jejum. Valores iguais ou superiores a 126 mg/dL indicam diabetes.
- Teste oral de tolerância à glicose (TOTG): mede a resposta do organismo à ingestão de glicose. É útil especialmente no rastreio de diabetes gestacional.
- Hemoglobina glicada (HbA1c): analisa a média da glicemia nos últimos 2 a 3 meses. Resultados iguais ou superiores a 6,5% confirmam o diagnóstico.
Em geral, os exames são repetidos em outra ocasião para confirmação, especialmente em pacientes assintomáticos.
Como é feito o tratamento do diabetes?
O tratamento do diabetes tem como principal objetivo manter os níveis de glicose no sangue dentro de uma faixa segura, evitando tanto a hiperglicemia (glicose alta) quanto a hipoglicemia (glicose baixa). O plano terapêutico deve ser individualizado, considerando o tipo de diabetes, a condição clínica do paciente, a presença de outras doenças e o estilo de vida. Em geral, as estratégias envolvem um conjunto de práticas, como as descritas a seguir.
Alimentação equilibrada
A base do controle glicêmico está na escolha e combinação dos alimentos. Refeições com baixo índice glicêmico, ricas em fibras, proteínas magras, vegetais e carboidratos complexos ajudam a manter a glicose estável. O acompanhamento com nutricionista é indicado para ajustar o plano alimentar de forma personalizada.
Atividade física regular
Exercícios físicos contribuem para a melhora da sensibilidade à insulina e auxiliam na redução da glicemia. Caminhadas, musculação, natação ou outras práticas devem ser incorporadas à rotina, com orientação profissional, especialmente em casos de complicações associadas.
Uso de medicamentos
O tipo e a dose dos medicamentos variam conforme o quadro clínico. No diabetes tipo 1, a aplicação diária de insulina é indispensável. No tipo 2, podem ser utilizados medicamentos orais (como metformina) e, em alguns casos, insulina. No diabetes gestacional, o tratamento começa com ajustes alimentares e atividade física, mas pode incluir insulina caso o controle glicêmico não seja alcançado.
Monitoramento da glicemia
A medição frequente da glicose permite avaliar a eficácia do tratamento e ajustar condutas conforme a necessidade. O uso de glicosímetros ou sensores contínuos de glicose pode ser indicado conforme orientação médica.
O sucesso do tratamento depende da adesão do paciente, do acompanhamento multidisciplinar e da capacidade de adaptar o plano terapêutico ao longo do tempo. O controle contínuo é essencial para prevenir complicações a longo prazo e promover mais qualidade de vida.
Quais são os medicamentos mais utilizados no tratamento do diabetes?
O tratamento medicamentoso do diabetes tem como função auxiliar o organismo a controlar os níveis de glicose no sangue. A escolha do medicamento depende do tipo de diabetes, da resposta ao tratamento, da presença de outras condições clínicas e das metas terapêuticas estabelecidas pelo profissional de saúde.
De acordo com o Índice epharma, os cinco princípios ativos mais utilizados no Brasil nos últimos 24 meses foram:
- Metformina
- Gliclazida
- Dapagliflozina + Metformina
- Dapagliflozina
- Semaglutida
Como prevenir o diabetes?
Embora o diabetes tipo 1 não possa ser prevenido, os tipos mais frequentes —como o tipo 2 e o gestacional — estão diretamente ligados a fatores modificáveis do estilo de vida. A prevenção, nesses casos, está ao alcance de atitudes simples, mas consistentes ao longo do tempo. Reveja as recomendações e inclua essas boas práticas na sua rotina.
- Manter uma alimentação equilibrada, com baixo consumo de açúcares simples e ultraprocessados.
- Praticar atividade física regular, pelo menos 150 minutos por semana.
- Evitar o excesso de peso, por meio de uma combinação entre alimentação e movimento.
- Reduzir o estresse e melhorar a qualidade do sono.
- Realizar exames periódicos, especialmente se há fatores de risco como histórico familiar, hipertensão arterial ou colesterol alto.
Para quem já tem o diagnóstico, o acompanhamento contínuo com a equipe de saúde é indispensável. Consultas regulares, exames de rotina e ajustes no tratamento permitem identificar variações no controle glicêmico, prevenir danos em órgãos-alvo e manter a qualidade de vida no longo prazo. Também são fundamentais para orientar decisões sobre medicamentos, alimentação e práticas seguras de atividade física.
O Dia Nacional do Diabetes não é só uma data simbólica: é uma oportunidade para entender uma das doenças crônicas que mais cresce no Brasil. Conhecer os tipos de diabetes, identificar fatores de risco e aplicar os cuidados no dia a dia faz toda a diferença na prevenção e no tratamento.
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