Saúde mental no trabalho: dados, leis e ações de bem-estar
A saúde mental no trabalho tem ocupado mais espaço nas discussões estratégicas de gestão empresarial. O tema avançou: deixou de ser visto apenas como responsabilidade individual e, agora, é reconhecido como uma questão corporativa urgente.
O que mudou? A compreensão de que o bem-estar corporativo está associado à melhora em indicadores estratégicos como produtividade, clima organizacional, desempenho operacional e resultados financeiros. Além disso, investir em qualidade de vida no ambiente de trabalho contribui com a satisfação profissional, a reputação das empresas e a atração ou retenção de talentos.
Neste artigo, trazemos dados para contextualizar o assunto, apresentamos como as legislações estão avançando nesse cenário e destacamos a importância das boas práticas de bem-estar corporativo, explicando como incorporar tudo isso no dia a dia da organização.
Qual é o cenário atual da saúde mental no trabalho?
A saúde mental está se tornando um dos principais desafios enfrentados pelas organizações. Em 2024, o Brasil registrou quase 500 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais, o maior número em uma década — um aumento de 68% em relação a 2023.
Condições como transtornos de ansiedade (141 mil licenças) e episódios depressivos (113 mil) lideraram esses afastamentos. Embora o burnout seja um problema crescente e amplamente discutido, seu diagnóstico ainda é subnotificado (foram cerca de 4 mil afastamentos por burnout em 2023), indicando dificuldade de reconhecimento formal do esgotamento profissional.
No Brasil, a situação tem sido classificada como uma “crise de saúde mental nas empresas”, mas o problema não é uma exclusividade local. Globalmente, os níveis de estresse e exaustão entre trabalhadores atingiram níveis elevados.
Uma pesquisa conduzida pela consultoria Gallup revela que 44% dos empregados no mundo se sentem estressados diariamente. Esse percentual é considerado um recorde histórico (alcançado em 2021 e mantido no mesmo patamar desde então).
Qual é o custo da saúde mental para as empresas?
Os efeitos dos transtornos mentais entre colaboradores vão além do indivíduo e representam um grande impacto para as empresas e a economia. No Brasil, os quase meio milhão de afastamentos por questões psicológicas, em 2024, comprometem tanto o orçamento público quanto a produtividade das organizações.
Segundo o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), os beneficiários ficaram, em média, três meses afastados recebendo auxílio, com custo estimado de R$ 3 bilhões naquele ano. Nas empresas, licenças como essas estão associadas a perdas de produtividade e gastos financeiros com substituição de mão de obra ou pagamento de horas extras.
No panorama internacional, os problemas de bem-estar no trabalho tornaram-se um peso enorme. O Relatório sobre o Estado do Ambiente de Trabalho Global: 2025, publicado pela Gallup, indica que quase 80% da força de trabalho global não está engajada. A consultoria estima que, em um contexto de engajamento total, US$ 9,6 trilhões em valor poderiam ser adicionados à economia mundial por ano.
Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que, mundialmente, cerca de 12 bilhões de dias de trabalho são perdidos anualmente devido à depressão e ansiedade. Essas ausências provocam um prejuízo econômico superior a US$ 1 trilhão, de acordo com estimativas do órgão.
Quais são as novas demandas dos colaboradores?
Diante desse cenário, as expectativas e demandas dos profissionais estão mudando, exigindo que as empresas considerem essas necessidades ao estruturar o ambiente de trabalho, o pacote de remuneração e a política de benefícios corporativos.
Uma pesquisa global revelou que 96% dos trabalhadores buscam organizações que priorizem saúde, bem-estar e qualidade de vida. Para 93% da força de trabalho mundial, o bem-estar no trabalho é tão importante quanto o salário. Não por acaso, 87% afirmam que sairiam de uma empresa que não prioriza o bem-estar dos funcionários, uma porcentagem 10 pontos maior do que no ano anterior.
Em outras palavras, praticamente 9 em cada 10 profissionais valorizam ambientes saudáveis a ponto de trocar de emprego caso sintam o impacto na saúde mental. No Brasil, as tendências são semelhantes. Um levantamento da Infojobs mostra que cerca de 86% dos profissionais mudariam de emprego para ter mais bem-estar e satisfação no trabalho. O que estão buscando é redução do estresse e maior equilíbrio, necessidades que se destacam, principalmente, entre as gerações mais jovens.
Por trás desses números, estão situações que demonstram desafios culturais que as empresas precisam enfrentar. Uma pesquisa da Robert Half mostrou que 10% dos líderes e 14% dos funcionários não consideram seu local de trabalho um ambiente seguro para discutir questões emocionais. Além disso, 35% dos colaboradores apontam a falta de apoio emocional como uma das maiores falhas das lideranças atuais. O estudo da consultoria também ressalta que 44% das lideranças e quase metade dos trabalhadores afirmam que passam por problemas de produtividade por causa de questões psicológicas.
O que as leis orientam sobre saúde mental no ambiente de trabalho?
O poder público também tem reagido a essa realidade, criando normas para proteger a saúde mental no trabalho. No Brasil, houve uma atualização importante da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), do Ministério do Trabalho e Emprego, que entrou em vigor em 2024.
A atualização da NR-1 estabelece diretrizes gerais de segurança e saúde no trabalho, exigindo a gestão dos riscos psicossociais dentro do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) das empresas. Riscos psicossociais são fatores relacionados à organização do trabalho e às relações interpessoais, como exemplo, metas excessivamente agressivas, jornadas longas, falta de autonomia, assédio moral ou sexual, sobrecarga cognitiva, clima de tensão etc.
Com a mudança, ficou claro que os empregadores devem identificar e avaliar esses riscos no ambiente de trabalho e adotar medidas para preveni-los ou mitigá-los. Caso sejam encontrados fatores de risco, a empresa precisa implementar um plano de ação com medidas corretivas e monitorar continuamente a eficácia dessas ações.
Outra iniciativa recente é a Lei 14.831/2024, sancionada em março de 2024, que instituiu o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental. Em vez de impor obrigações diretas, essa lei cria uma certificação de reconhecimento para organizações que adotarem boas práticas de saúde mental e bem-estar.
A lei ainda depende de regulamentação, no entanto, já indica o que as empresas precisam fazer para obter o selo. Conheça as práticas recomendadas.
- Implantar programas de promoção da saúde mental no ambiente de trabalho
- Oferecer acesso a apoio psicológico/psiquiátrico aos funcionários
- Realizar campanhas e treinamentos de conscientização (inclusive com foco na saúde mental da mulher)
- Capacitar lideranças para lidar com o tema
- Combater qualquer forma de assédio ou discriminação
- Promover equilíbrio entre vida pessoal e profissional
- Incentivar atividades de lazer e cuidados com a saúde física
- Divulgar periodicamente as ações de bem-estar
- Manter canais de escuta para sugestões dos empregados
O certificado, concedido por uma comissão do governo, tem validade de dois anos e visa estimular voluntariamente as empresas a irem além do mínimo legal, criando uma cultura corporativa mais saudável.
Boas práticas para promover o bem-estar no trabalho
Diante das demandas dos colaboradores e das novas exigências legais, executivos e gestores de RH têm papel crucial na promoção do bem-estar no trabalho. Há diversas boas práticas e políticas que podem ser adotadas para criar um ambiente psicologicamente seguro e apoiar a saúde mental da equipe. Confira!
Incentivar o diálogo aberto
Fomentar uma cultura de transparência é fundamental. Os colaboradores precisam sentir que podem expressar dificuldades ou falar sobre estresse, ansiedade e outros temas sem medo de represálias. Estabeleça canais seguros e confidenciais (como ouvidorias internas, grupos de apoio ou um profissional de confiança no RH) para discussões sobre saúde mental.
Líderes devem dar o exemplo, comunicando que buscar ajuda não é sinal de fraqueza. Ambientes onde se pode “falar abertamente sobre o que incomoda” tendem a reduzir o estigma e identificar problemas mais cedo.
Treinar lideranças para conduta empática
A postura dos gestores faz toda a diferença. Invista em capacitação de lideranças para que saibam reconhecer sinais de sofrimento emocional na equipe (quedas de desempenho, alterações de humor, isolamento etc.) e intervenham de forma adequada. Workshops de inteligência emocional e competências socioemocionais ajudam os gerentes a se tornarem líderes mais empáticos e atentos.
Segundo especialistas, a saúde mental está deixando de ser tratada como algo subjetivo. Há um cenário de maior responsabilização formal das empresas, o que exige gestores preparados para apoiar seus times. Não por acaso, 65% dos líderes brasileiros já reconhecem que questões psicológicas afetam o desempenho coletivo de suas equipes, porém mais de um terço dos profissionais relatam falta de apoio emocional dos gestores.
Oferecer apoio psicológico
Atendimento ou orientação psicológica estão entre as medidas que podem ajudar a empresa a assegurar suporte adequado aos funcionários. É importante ressaltar que esse tipo de apoio deve ser prestado por profissionais especializados, que podem auxiliar os colaboradores a lidar com questões emocionais, pessoais ou de trabalho.
O investimento em benefícios voltados ao bem-estar e à saúde mental é crescente entre as empresas. Em geral, isso é feito por meio de subsídio para terapia, plataformas de apoio online e palestras sobre gerenciamento do estresse. Monitorar periodicamente a saúde mental do time (por meio de pesquisas de clima, por exemplo) também permite avaliar onde agir.
Adotar políticas de flexibilidade e equilíbrio
Revisar a carga de trabalho e proporcionar flexibilidade são medidas que podem ser consideradas para evitar o adoecimento. Nesse caso, as práticas abrangem horários flexíveis ou possibilidades de home office e trabalho híbrido quando a função permitir, ajudando os colaboradores a equilibrar responsabilidades pessoais com profissionais.
Garantir pausas durante a jornada (intervalos para descanso, alongamento, lanche) e respeitar os horários de saída e finais de semana também faz parte de um ambiente saudável, principalmente quando não há outras possibilidades de flexibilização. É possível, inclusive, inovar e instituir, por exemplo, folgas periódicas, como “dias de bem-estar”, de acordo com as políticas da organização.
Essas ações reconhecem que colaboradores descansados conseguem performar melhor e por mais tempo, sem passar pelo esgotamento (burnout).
Mapear e mitigar riscos psicossociais
Em linha com a NR-1 atualizada, as organizações devem identificar fatores estressores e causas de adoecimento no dia a dia de trabalho. Isso pode incluir analisar se as metas estão realistas, se há sobrecarga contínua em alguma equipe, se existem casos de assédio ou conflitos interpessoais, ou se o desenho das tarefas gera monotonia excessiva.
Ferramentas como pesquisas de clima organizacional, com perguntas voltadas a bem-estar, ou grupos de foco com funcionários podem revelar pontos cegos. Ao detectar riscos, é necessário agir:
- redistribuir tarefas para aliviar quem está sobrecarregado;
- contratar reforços se necessário;
- estabelecer políticas antiassédio rigorosas e canais de denúncia;
- promover rodízio de atividades para reduzir monotonia, dentre outras medidas.
A nova NR-1 exige que esse processo de avaliação e ação seja contínuo, com revisões periódicas para garantir a eficácia das medidas adotadas. Empresas que já seguem boas práticas de gerenciamento de riscos psicossociais certamente estarão em vantagem no cumprimento dessa obrigação.
Promover hábitos saudáveis e suporte ao bem-estar
O bem-estar mental anda de mãos dadas com o físico e o social. Portanto, oferecer benefícios corporativos voltados à saúde integral pode fazer diferença.
Em geral, a empresa deve instituir medidas que incentivem hábitos como:
- prática de atividade física;
- cuidados preventivos de saúde;
- alimentação equilibrada;
- e até educação financeira.
Quanto mais abrangentes forem os programas ou benefícios instituídos, melhor. Assim, você garante uma atenção global às principais necessidades de bem-estar que podem impactar a qualidade de vida dos funcionários e seus dependentes.
Mensurar resultados e realizar melhorias
Feito tudo isso, é importante medir resultados das iniciativas de bem-estar. Indicadores de RH, como taxas de absenteísmo, rotatividade (turnover), engajamento em pesquisas internas e até desempenho produtivo, podem evidenciar melhorias após a implementação de políticas de saúde mental.
Ferramentas de inteligência em saúde e people analytics facilitam o acompanhamento das ações realizadas. Ajustes também são importantes. Incorpore mudanças conforme o feedback dos funcionários, criando um ciclo de melhoria contínua no cuidado com as pessoas.
Como o Plano de Medicamentos Oxy, da epharma, ajuda na saúde mental no trabalho?
Promover a saúde mental nas empresas exige ações práticas, alinhadas às demandas atuais dos colaboradores e às exigências regulatórias, como a atualização da NR-1. Nesse contexto, o Oxy da epharma oferece uma solução completa e digital que facilita a gestão da saúde corporativa, com recursos integrados voltados ao bem-estar físico e emocional das equipes.
O que é o Oxy?
O Oxy é uma plataforma digital que centraliza, em um único ambiente, diversos serviços e benefícios para empresas e colaboradores, com foco na prevenção, suporte emocional e adesão a tratamentos de saúde.
Principais benefícios do Oxy para a saúde mental no trabalho
- Atendimento online com psicólogos e profissionais especializados em saúde e bem-estar, como nutricionistas, farmacêuticos e outros especialistas.
- Mais de 5.000 conteúdos digitais sobre saúde emocional, alimentação saudável e equilíbrio mental.
- SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes) online, com conteúdos de bem-estar para toda a equipe.
- Descontos exclusivos em academias, yoga, pilates e serviços de estética e autocuidado.
- Programas de benefícios em medicamentos, com crédito em farmácias, reembolso digital e entrega domiciliar de medicamentos contínuos.
- Aplicativo Oxy Care com acompanhamento pelo celular, agendamento com especialistas e conteúdos exclusivos.
- Atenção farmacêutica personalizada, garantindo adesão aos tratamentos.
- Dashboards completos para o RH com indicadores de uso dos benefícios, perfil de saúde dos colaboradores e identificação de riscos psicossociais.
- Relatórios detalhados que ajudam a empresa a atender às exigências da NR-1 e a aprimorar políticas internas.
Mais do que reagir às normas e demandas do mercado, a saúde mental no trabalho é um tema que exige ação proativa, antecipando desafios e promovendo ambientes onde as pessoas possam entregar o melhor de si. Isso requer um olhar abrangente e estratégico para as diferentes formas de promover o bem-estar na organização.
Se você quer ver a saúde mental no trabalho sair do discurso e entrar na prática, conheça o Oxy.